Chegamos
ao quarto desafio do professor em sala de aula, e nesta etapa vamos falar sobre
a necessidade do professor ir além dela. O relacionamento com os alunos não
pode mais ficar restrito em apenas, um bom dia, ou uma boa tarde, ou boa noite.
Não é apenas ficar na fase de eu escrevo, explico e pergunto: Entenderam, ou há
alguma dúvida?
“Tolice é fazer sempre do mesmo jeito, e
esperar resultados diferentes”
Albert Einstein
Os
tempos mudaram, as famílias não são mais como as de 20 anos atrás, e os alunos?
Mudaram e muito, a realidade social de muitos também sofreram grandes
alterações, e o que se vê hoje em dia são salas de aulas muito diversificadas,
e a estrutura educacional não acompanhou como devia estas mudanças.
Lendo
recentemente artigos a este respeito, um artigo que chamou muito atenção foi o
artigo da Gazeta do Povo, escrito por Anna Simas que aborda a formação precária
da pedagogia, que não ensina a realidade de sala de aula, como a violência, a
falta de interesse, a indisciplina, as dificuldades de aprendizagem, pois a família
não consegue mais desempenhar o papel da introdução da alfabetização dos filhos
e somar no processo como deveria, entre outros vários problemas que se enfrenta
na sala de aula.
Hoje
ainda, a formação é muito teórica e pouco prática, muitos alunos não conseguem
ver a relação com seu dia a dia, e perdem o total interesse nos conteúdos, na
escola, e muitos professores não conseguem tirar eles da inércia que se
encontram. É preciso que direção escolar, professores, pais e poder público,
juntos, somem forças e criem caminhos para amenizar este grave problema na
educação.
O
que fazer? Como levar a educação nos dias de hoje a um novo patamar, trazendo
assim famílias de alunos para um desempenho melhor na educação? Já discutimos
em artigos anteriores, um pouco disso e aqui, fica evidente que o principal
agente transformador será o professor. Se esperarmos por outras ações, tais
transformações podem demorar anos, e os professores tem um poder incrível nas
mãos.
Olhe a postura ideal do professor na visão de Mário Sergio Cortella neste vídeo:
Howard
Hendricks, em seu livro Ensinando para Transformar vidas diz: “Nossa tarefa não
é causar uma boa impressão naqueles a quem ensinamos, mas provocar neles um
impacto. Não apenas convencê-los, mas leva-los a uma transformação de vida.” Já
li este livro sete vezes, sou fã incondicional, pois ele transmite o papel que
somente o professor pode alcançar, e isso de forma mágica, pois está mais
próximo do aluno do que qualquer outro poderia estar, mais próximo até mesmo de
muitos pais. Ele começa dizendo que o professor precisa dominar muito o assunto
que está ensinando, pois um domínio fraco traz um ensino deficiente,
(Hendricks, 1991).
Hendricks
cita em seu livro uma frase que gosto muito. “A verdadeira função do professor
é criar condições para que o aluno aprenda sozinho...” John Milton Gregory.
Este assunto é tema de um artigo futuro, mas veja como o professor precisa
estar atento ao seu papel fundamental na vida de seus alunos. É muita
responsabilidade que pesa sobre nós professores.
No
capitulo quatro do livro de Hendricks, ele fala sobre a lei da comunicação, e
usa uma colocação que me deixa assim extasiado, ele fala que o professor tem
como tarefa despertar e estimular a mente do aluno, e que o verdadeiro
professor revolve a terra e planta a semente, (Hendricks, 1991).
Chamo
atenção aqui para o desafio do professor, que é ir além da sala de aula. Para
isso conto o meu próprio exemplo. Quase todo aluno que tem o primeiro contato
comigo sofre um grande impacto. É muito difícil no ensino público
principalmente, dar continuidade às turmas ao longo da carreira estudantil, o
que poderia facilmente ser resolvido se houvesse uma força tarefa entre direção
da escola, secretarias estaduais e municipais, mas não acontece. Chego em sala
e já anuncio o meu planejamento, o primeiro são os grupos nas redes sociais, os
mais famosos hoje em dia são o facebook e o watsApp, cada sala minha tem um
grupo nesses canais, vejo como fundamental importância tal contato, pois lá
postos informes, datas de atividades, solicito páginas de leituras, e recados
em geral.
Tenho
também um canal no youtube e postos resumos das aulas de matemáticas e vídeos
motivacionais. Possuo também um blog e nele escrevo sempre sobre assuntos que
envolve a educação e a empreendedorismo que é minha outra atividade, peço
diversas leituras para que possam redigir a respeito delas ou usar como fonte
de informação para redações que peço ao longo do ano letivo. Sim já me
perguntaram isso, você não é professor de matemática, o que tem haver fazer
redações em suas aulas?
Ao
relacionar com o aluno além da sala de aula, muita coisa melhora. O
relacionamento é melhor, o respeito é melhor, o tempo todo chamamos a atenção
do aluno para a realidade. Quantas vezes no fim de semana lanço em algum dos
canais citados uma novidade e peço para que confiram. A princípio ouço muita
coisa: a que chato professor, dá um tempo professor, é feriado professor, mas
fico satisfeito com os resultados alcançados e vejo muitos alunos indo além do
tradicional, além da normalidade e diversos alunos alcançam resultados.
A
grande questão é que muitos dos professores não querem sair da zona de conforto
que estão. Reclamam demais da realidade dos alunos, mas temem diversificar os
métodos de ensino, pois o desafia a fazer o mesmo que ele quer de seus alunos.
Muitos professores temem o questionamento dos alunos. Com o advento da
tecnologia tudo ficou mais accessível, e o aluno percebe quando um professor
não domina tanto a sala, como também, não domina o conteúdo, e então os deixa
inseguros e os mesmos deixam de respeitar o professor como devia.
Em
2013 tive uma experiência com uma turma de 7 ano do ensino fundamental. O nome
da sala era violeta, mas seu apelido era violenta, pois havia muitos alunos com
problemas sérios de indisciplina, dificuldades de aprendizado e falta de
interesse, que é muito comum nos dias de hoje, quando se trata de escola
pública de periferia, em que seus alunos vão na escola praticamente obrigados
pelos pais.
Logo
de cara percebi que aula expositiva, sequência do livro e atividades
costumeiras não funcionariam, então pedi para a direção da escola uma
flexibilidade em um projeto que poderia desenvolver, e logo após apresentar
para a coordenação pedagógica me liberaram já que outras ações haviam falhado.
Aplicamos
um diagnóstico na sala, e mapeamos os alunos, dividindo-a em dois grupos
diferentes, começamos a fazer aulas ao ar livre envolvendo matemática, como
fotografar objetos e compará-los às figuras geométricas existentes, levamos
também os alunos ao parque ecológico da cidade, e nas quadras trabalhamos
frações e porcentagens lançando bola ao sexto, e tiros ao gol. Uma outra aula
diferente foi levar os alunos ao auditório, e os mesmos foram divididos em 4
grupos, lá sorteamos quatro filmes infanto-juvenis e eles escolheram uma cena e
apresentaram para os colegas. O objetivo era mudar a forma tradicional de
ensino e mesclar com atividades que atraem atenção dos alunos, os resultados
foram incríveis, da pior sala da escola se tornaram uma das melhores e a turma
teve o melhor crescimento no aproveitamento e nas notas de todas as matérias.
Até hoje encontro com alunos que me reconhecem e me cumprimentam pelos momentos
de diversão e aprendizado.
É
preciso ir além da sala de aula, e cada professor precisa ter a sensibilidade
de saber qual melhor método de aula com sua turma. Descobrindo isto tudo fica
muito mais fácil, e o relacionamento marca a vida de muitas pessoas. Inove, Transforme, Faça diferente o que você sabe que precisa ser feito.
EDUARDO CAROLINO
Professor, consultor e palestrante
Em Educação e Gestão.
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